quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Médicos se surpreendem com uso indevido de CRM





Confira mais um trecho da reportagem de Margareth Grilo sobre as falsificações de documentos médicos:



O cirurgião geral Edmar Montenegro foi vítima de falsificação e foi comunicado pelo próprio Conselho Regional de Medicina. "Tive que ir ao Conselho para reconhecer a assinatura que, para minha surpresa, não era minha. Todos os dados, exceto meu nome, estão errados", contou. Ele também registrou Boletim de Ocorrência e rastreou o beneficiário do atestado.

Teve uma surpresa: era uma nutricionista, funcionária do hospital regional Deoclécio Marques em Parnamirim. "Ela disse ao hospital que tinha comprado na feira de Parnamirim". O atestado entregue por ela em dezembro de 2010 possuía timbre apenas da Prefeitura de Parnamirim e constava nele o CRM 1765. O CMR correto do cirurgião é 1760.

Ele também ingressou com um procedimento junto à Comissão de Ética do Conselho Regional de Nutrição. O médico foi vítima de outros dois casos, em 2009. "Só descobri porque o CRM me chamou pensando que eu tinha falsificado, mas era tudo falso. Nunca atendi em Parnamirim. O pior disso tudo é que hoje com a internet você não tem mais privacidade". 

Segundo a diretora do Hospital Deoclécio Marques, Elisabeth Carrasco, a servidora foi afastada e foi aberto um procedimento administrativo na Secretaria Estadual de Saúde, em fevereiro deste ano. O depoimento de Edmar Montenegro causou espanto a quem estava na Sala de Médicos do Walfredo Gurgel, mas não surpreendeu o ortopedista Edson Borges, que relatou que é vítima da mesma fraude.

No caso dele, a pessoa seria um funcionário do Hospital de São José de Mipibu, que estaria já há mais de dois meses entregando atestados médicos supostamente assinados pelo ortopedista, para justificar ausências no trabalho. O timbre do atestado médico seria do Hospital do Coração. "Eu nunca atendi nesse hospital. Então, a gente fica preocupado", disse.

A direção do hospital de São José teria informado, há dois meses, a direção do Hospital Walfredo Gurgel de que uma pessoa viria a Natal para conversar com o médico e apresentar os atestados médicos suspeitos de fraude, mas até agora nada. "Eu fico sem saber de nada, e isso é muito ruim porque não sei se meu nome continua sendo usado indevidamente".

Quando recebe atestado com indícios de falsificação ou quando é provocada a investigar alguma situação, a direção do hospital Walfredo Gurgel convoca os médicos para o reconhecimento da assinatura e, caso não atestem a fraude, são orientados a fazer uma declaração e registrar Boletim de Ocorrência na Delegacia, informou a médica Hélida Bezerra. Esse BO pode ser feito em qualquer delegacia distrital.

Nos últimos seis meses, o hospital registrou quatro casos reincidentes. Ela disse ter conhecimento desse caso de Edson, mas não recordava de ter sido procurada, durante o período que estava na direção do HWG pelo Hospital de São José.

O Hospital Regional Deoclécio Marques também vive as duas faces da moeda. Recebe questionamentos quanto à veracidade de atestados médicos e também faz rastreamento. "Quando há suspeita, sempre confirmamos que é falso. Na maioria das vezes, o CRM não confere com o do médico e a assinatura é diferente", disse ela.

A unidade percebeu, nos últimos meses, indícios de fraude em vários atestados, assinados por quatro médicos diferentes. Quando as informações foram checadas todos eram falsos.  "É difícil coibir, vamos adotando providências caso a caso".

Fonte:



http://tribunadonorte.com.br/noticia/atestados-medicos-falsos-e-faceis/179329

Nenhum comentário:

Postar um comentário