Os problemas enfrentados pelos usuários de planos de saúde e médicos credenciados foram debatidos em audiência pública da Câmara Municipal do Recife, realizada por iniciativa da vereadora Doutora Vera Lopes (PPS). “A questão da saúde complementar no Recife é crítica. Para os usuários não basta um plano para se ter assistência integral ou internamento. Ao mesmo tempo, os médicos não estão sendo bem remunerados para prestar atendimento e a fiscalização dos planos é deficiente. A Agência Nacional de Saúde (ANS), responsável por essa fiscalização, deixa a desejar”, afirmou a vereadora.
Muitos planos aproveitam-se da boa fé dos usuários, de acordo com denúncia da Doutora Vera Lopes, pois oferecem serviços que não cobrem. “E quando as pessoas precisam dos serviços, esses planos repassam o paciente para o SUS, sem fazer o mesmo repasse financeiro. É o caso das cirurgias neurológicas, por exemplo, que às vezes são feitas no Hospital da Restauração”, afirmou. A vereadora disse que o seu objetivo enquanto política e médica é fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS), para garantir melhor qualidade de vida à população. “Afinal, a maioria não tem condições de pagar planos. Principalmente os idosos, pois aos 60 anos o preço dos planos dispara. Coincide com a época das aposentarias e as pessoas ficam sem condições de pagar pela assistência de saúde”, disse.
Vera Lopes também ressaltou que ao mesmo tempo que os planos de saúde cobram altas mensalidades dos conveniados, pagam baixos honorários médicos, às vezes abaixo da tabela CBHPM (Classificação Brasileira de Honorários e Procedimentos Médicos). “Buscamos a melhoria do pagamento dos honorários médicos pelos planos. Muitos profissionais se submetem a atender somente em prol da população”, afirmou. Participaram da audiência a defensora pública do Consumidor, Idosos, Saúde Pública e Complementar, Cristina Sakaki; o secretário-geral do Cremepe, Luís Domingues; o representante da Sociedade de Obstetras e Ginecologistas, Carlos Alberto Sá Marques; a diretora do Sindicato dos Médicos, Malu David e o representante da Federação Nacional dos Médicos, Antônio Jordão.
A defensora pública Cristina Sakaki disse que se perdurar a atual situação da saúde complementar, todos sairão perdendo. “Os planos porque precisam dos médicos e vice-versa. E a população porque precisa dos dois”, disse. Segundo a diretora do Sindicato dos Médicos, Malu Davi, nos últimos dez anos, as operadoras de planos de saúde receberam da Agência Nacional de Saúde (ANS) autorização para reajustar as mensalidades em mais de 160%, enquanto aplicaram, no mesmo período, aos honorários médicos, reajustes inferiores a 60%. “Queremos continuar na saúde suplementar, mas precisamos do respeito das operadoras. Elas estão aviltando os nossos honorários”, protestou a médica, que é integrante da Comissão Estadual de Honorários Médicos.
Luiz Domingues, representante do Conselho Regional de Medicina na audiência pública, alertou que a relação com os planos de saúde tem levado os médicos à exaustão e coloca em risco a saúde da população quando as operadoras restringem exames e outros procedimentos para reduzir custos. “Situações clínicas se agravam pela demora na liberação dos exames. O médico deve ter autonomia para decidir o que é melhor para o paciente”, afirmou.
Para o representante da Sociedade de Ginecologia de Pernambuco, Carlos Alberto Sá Marques, cresce a luta dos médicos para garantir os valores da tabela CBHPM. “A gente não está mais baixando a cabeça para os planos de saúde. E a população também deve abrir os olhos para isso porque está sendo ludibriada com propagandas falsas de que pagando pequenas mensalidades é possível garantir um atendimento de qualidade”.
O consumidor que se sentir lesado no atendimento das operadoras de planos de saúde pode denunciar a Defensoria Pública na Rua Marques de Amorim, 127, Boa Vista. O telefone é 3182.3700.
Fonte: Câmara Municipal de Recife
http://www.camara.recife.pe.gov.br/noticias/questao-dos-planos-de-saude-e-debatida-em-audiencia-public/
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