sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Ceará tem apenas um médico para cada mil habitantes


Dos atuais 9.262 médicos em atividades no Ceará, um montante de 5.038 é especialista, 54% do total, conforme dados da Demografia Médica no Brasil, mapeamento divulgado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Apesar dessa tal “bonança”, a comerciante, Neuda Matos, 50, diz esperar há mais de três meses por uma visita ao urologista com seu pai doente.

A prova desta dificuldade de Neusa e de outras centenas de usuários é a atual proporção médico por habitante, que se encontra na razão de 1,1 para cada mil habitantes. Este cenário insere o Ceará na 7ª pior posição brasileira no ranking que avalia distribuição dos profissionais entre a comunidade.
“Quem está precisando de especialidades médicas, principalmente para idosos e crianças, tem sofrido muito com a ausência deles”, reclama Neusa. Para a comerciante, é mais fácil encontrar generalistas.
Ela relata também os dias de espera em longas filas, a demora para o recebimento de exames e feitura de um rotineiro check-up. “Se dizem que tem quase 10 mil médicos para o povo, cadê todos eles?”, indaga.

Divisões
Entre as cinco maiores categorias no Estado, a pediatria ganha de todas, com 712 profissionais em atividade, deixando em segundo lugar os ginecologistas e obstetras (575); os anestesiologistas (437), em terceira posição; os cirurgiões gerais (427), na quarta, e os clínicos médicos (349), em quinto lugar.
Entre as mais “minguadas”, o mapeamento aponta a genética médica, com apenas um médico para todo o Ceará, e três cirurgiões de mãos para atender toda a demanda cearense.

O mapeamento revela ainda que o Brasil possui 204.563 especialistas e 167.225 generalistas. No entanto, conforme o estudo do CFM, as desigualdades regionais são gritantes. A região Sul contabiliza, por exemplo, o maior número de especialistas (1,95 para cada um generalista), contrapondo com a região Norte (0,83) e Nordeste (0,96).
Para agravar ainda mais o cenário, a concentração de profissionais ainda é grande na Capital, 51% trabalham em Fortaleza, não querem se arriscar, tentar ganhar a vida no Interior.

O presidente do Conselho Regional de Medicina do Ceará (CRM-CE), Ivan Moura Fé, lamenta essa situação e relata que a dificuldade, entretanto, não se restringe ao serviço público.

“Temos muitas carências também na rede privada, nas áreas de endocrinologia e de neurologia. A medicina da família ainda é pouco presente apesar de toda a real necessidade”, frisa.

O presidente do CRM-CE aponta que a maior dificuldade, hoje, é conseguir manter os médicos nos sues postos, visto que, segundo ele, os salários não seriam tão tentadores. Ele frisa um outro ponto, o crescimento da participação de mulheres na medicina, um total de 38,4%.

Pediatria
Para o presidente da Cooperativa dos Pediatras do Ceará (Cooped-CE), João Borges, apesar dos especialistas ainda serem a maioria, há muitos deles - em especial, os pediatras - que estão abandonando a carreira.
“Pelo menos uns 40% dos pediatras do Ceará está alargando o ramo. Estão desestimulados por demais. Quem não realiza procedimento cirúrgico, fica só em consultório, sofre bem mais”, finalizou Borges. 

PEDIATRIA
Fortaleza enfrenta carência nas emergências

Embora a pediatria seja a especialidade mais procurada pelos médicos no País, Fortaleza enfrenta uma carência de pediatras nas emergências das unidades de atendimento secundário. Segundo o coordenador de gestão hospitalar da Prefeitura, Helly Ellery, apenas uma média de 70% do quadro de pediatras que deveriam trabalhar no setor atuam de fato nas emergências dos hospitais secundários.

Conforme o coordenador, um dos motivos para o fato é a emergência ser um campo que tem atraído poucos profissionais. "Hoje, a emergência é um lugar de tensão", acentua.

Ellery informa que as unidades secundárias passarão, em 2012, por um reordenamento que dividirá especialidades de acordo com o perfil de cada hospital. A pediatria do Frotinha do Antônio Bezerra, diz, será transferida para o Gonzaguinha da Barra do Ceará, que, por sua vez, transferirá seu atendimento clínico para o Antônio Bezerra. Segundo o coordenador, não haverá redução nos atendimentos.


Fonte:
http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=1080155

Número de médicos no Brasil cresce 21,3% em uma década

Na última década, o número de médicos cresceu 21,3%, índice superior ao aumento da população no mesmo período, que foi 12,3%. A categoria já soma 371.788 profissionais em atividade e coloca o Brasil como o quinto país em número absoluto de médicos, segundo a pesquisa Demografia Médica no Brasil, encomendada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Divulgada nessa quarta-feira (30), a pesquisa reitera que não há falta de médicos, mas que eles estão distribuídos de forma desigual entre as regiões. O Sudeste e o Sul continuam a concentrar a maioria – com duas vezes mais médicos que as outras regiões. Os motivos são a maior oferta de emprego, de rede de hospitais, de escolas e a melhor qualidade de vida, o que acaba atraindo mais profissionais.
Os pesquisadores calculam 1,95 médico para cada mil brasileiros. O Distrito Federal lidera o ranking com 4,02 médicos por mil habitantes, seguido pelo Rio de Janeiro (3,57), por São Paulo (2,58) e pelo Rio Grande do Sul (2,31) – taxas comparadas às de países europeus. Na outra ponta, estão o Amapá, Pará e Maranhão com menos de um médico por mil habitantes.

“Não há falta generalizada de médicos no país. São as desigualdades de distribuição que conduzem a focos de escassez em determinados municípios, regiões, redes de serviços de saúde”, disse Mário Scheffer, coordenador do levantamento e pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

A pesquisa atribui o aumento de médicos ao boom das faculdades de medicina nos últimos anos. De acordo com os dados levantados, 77 escolas médicas foram criadas de 2000 a 2010, o equivalente a 42,5% das escolas abertas em dois séculos no Brasil. Das 77 novas faculdades, as turmas não concluíram o curso em 25 delas. Estima-se 16,8 mil novos profissionais a cada ano.

Os dados reforçam as críticas das entidades médicas em relação à posição do governo sobre a abertura de cursos de medicina. “Um médico malformado é um problema no SUS [Sistema Único de Saúde], que vai durar 40 anos. Não é mais uma solução”, disse Desiré Callegari, primeiro secretário do CFM.

No último dia 18, o Ministério da Educação anunciou o corte de 514 vagas de medicina em cursos com desempenho insatisfatório. No entanto, a pasta, junto com o Ministério da Saúde, prepara um plano para ampliar a oferta de vagas de medicina, por determinação da presidenta Dilma Rousseff.

“O ministério tem preocupação com a qualidade das escolas. Nós, junto com o MEC [Ministério da Educação], fecharemos as vagas de escolas de baixa qualidade, mas abriremos novas vagas que garantam qualidade nas regiões que precisam”, explicou Alexandre Padilha, ministro da Saúde.

Em relação à distribuição dos profissionais, Padilha disse que a pasta tem adotado medidas para fixar os médicos no interior e nas periferias das capitais, entre elas, descontos na dívida do financiamento estudantil para os recém-formados que trabalharem na rede pública de áreas pobres e com deficiência de médicos.

Fonte:
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/12/01/numero-de-medicos-no-brasil-cresce-213-em-uma-decada/