Certamente temos um
papel social, como cidadãos e como profissionais. Devemos cobrar das
autoridades competentes a execução dos serviços de saúde de uma
forma eficaz e contínua, sem interrupções por supostas faltas de
verba e sem sobrecargas nos serviços para a geração de números.
Devemos, além
disso, criar estratégias eficazes de fazer com que nosso
conhecimento e potencial de auxílio chegue aos mais longínquos e
inacessíveis pontos deste país.
Vivemos
na era da internet, onde é mais fácil ter acesso ao Google do que
ter a orientação de um profissional de saúde. Por que não
utilizarmos essa ferramenta tão poderosa e tão acessível para
tentar minimizar o sofrimento de pessoas que não tem acesso ao
sistema de saúde? Por que não regulamentar e criar uma forma de
teleatendimento eficaz e não simplesmente baní-lo como fez o CFM?
Chegamos a um ponto evolutivo onde decisões equivocadas de proibição
já não têm tanta força e podem ser invalidadas ante uma
mobilização com início nas redes sociais. Não podemos
simplesmente, por comodismo ou por uma falsa sensação de segurança,
fechar os olhos ante as possibilidades que se agigantam ao
incorporarmos as maravilhas tecnológicas virtuais em nossa
profissão.
Deve-se
enxergar na internet uma possibilidade de aprofundamento da relação
médico-paciente. Pensem no seguinte exemplo: Se uma paciente que eu
já conheço e acompanho a tempos tiver a necessidade de um contato
para esclarecimentos ou ajustes terapêuticos, é muito mais fácil
que esse contato seja via internet e com as possibilidades que ela
proporciona.
Não
podemos ser taxativos, em decisões como esta, sem que sejam exploradas todas as
possibilidades de uma forma criativa e que proporcione uma evolução
na relação médico-paciente.
A
entidade representativa de nossa profissão não deveria tomar
atitudes retrógradas como alguns itens da resolução n. 1.974/2011.
Além disso, toda e qualquer resolução que nos represente e que
envolva os interesses de nossa classe deveria ser amplamente
discutida e ouvidos todos os interessados (nós os profissionais
médicos), e não impostas por uma cúpula hierarquizada. A internet
e as redes sociais podem ser ferramentas democráticas para que
possamos juntos construir resoluções que protejam e beneficiem os
profissionais médicos e a sociedade que se utiliza de nossos
serviços. É perfeitamente evitável a imposição de resoluções
anacrônicas se ouvirmos mais uns aos outros, se tentarmos entender o
outro e seus pontos de vista.
Ouvir, este é
outro aspecto importante a ser abordado. Já não temos mais tempo
nem de ouvir direito nossos próprios pacientes, quem dirá ouvirmos
nossos colegas de profissão. E é por conta deste
autoesclausuramento que nossas condiçoes de trabalho tornaram-se o
que são hoje. Decadentes. Se nos unirmos, expormos nossos relatos de
aberrações administrativas na saúde que presenciamos
cotidianamente, e pararmos para ouvir uns aos outros, poderemos
revolucionar nosso sistema de saúde.
Não precisamos ser
escravos de um sistema público de saúde sucateado e sobrecarregado.
Não precisamos ser reféns dos sistemas privados de planos de saúde
superfaturados, que engordam seus cofres às custas de mensalidades
abusivas de pessoas idosas e da mão de obra barata do jaleco branco.
Temos em nossas mãos o poder de mudar esta realidade. Temos em
nossas mentes o potencial de criar e suplantar estratégias obsoletas
de oferta de nossos serviços. E devemos ter em nossos corações a
coragem de levar, seja de que forma for, um alívio ao sofrimento de
nossos doentes, já que esta é principal função de nossa
profissão.
Doutor X
Para
quem quiser inteirar-se mais sobre a resolução do CFM n. 1.974/2011
Ela está disponível no link
abaixo:
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